quarta-feira, 28 de outubro de 2020

 

Câncer de mama: a influência dos aspectos emocionais no autocuidado 

Uma percepção inadequada sobre a doença pode ocasionar alterações psicológicas como ansiedade, depressão e estresse, explica psicóloga

Por Ana Carolina Peuker*

As percepções ou crenças que a mulher têm sobre o câncer de mama, seja ela doente ou saudável, estão relacionadas com suas condutas para a manutenção ou restabelecimento de sua saúde. Uma impressão inadequada sobre a doença pode ocasionar alterações psicológicas como ansiedade, depressão e estresse. Após o diagnóstico e o tratamento, mulheres que tinham percepções mais negativas sobre as consequências do câncer de mama apresentaram maiores níveis de angústia, além de mais sintomas físicos e psicológicos.

Evidências revelam que a construção social negativa do câncer de mama - como as implicações na autoimagem, intenso sofrimento e percepção de que a doença não tem cura - eleva as chances da não realização da mamografia. Geralmente, aquelas que passaram pela experiência pessoal deste diagnóstico possuem uma percepção mais realística e positiva relacionada à enfermidade. 

A atribuição de causa à doença também interfere no estado emocional. Quanto mais controlável a causa do câncer de mama é percebida, maior a autonomia das pacientes no autocuidado e na adesão a tratamentos. É comum que as pessoas atribuam a motivação da doença ao estresse ou aspectos do passado não modificáveis como “uma mágoa” ou “uma traição”.  Isso gera uma sobrecarga emocional negativa adicional, uma vez que potencializa o sentimento de impotência e autonomia frente à prevenção e ao tratamento. A atribuição causal a aspectos emocionais faz com que as mulheres a julguem como um fator externo sobre o qual não possuem controle e, dessa forma, pode comprometer suas condutas de autocuidado.

Por isso, é importante esclarecer que a causa do câncer também associa-se a fatores ambientais (como tabagismo, sedentarismo, obesidade), passíveis de controle e modificáveis.  Neste mesmo sentido, deve-se popularizar a necessidade do rastreio precoce (por meio do autoexame e da mamografia) e das medidas preventivas em saúde, como adoção de um estilo de vida saudável, que inclui a prática de atividades físicasalimentação equilibrada, livre do  consumo de tabaco e outras drogas, por exemplo. 

Muitas mulheres mantém a crença de que “quem procura, acha” e deixam de se submeter ao rastreio adequado de possíveis alterações nas mamas e no organismo - incluindo o câncer de colo de útero. Essa percepção distorcida deve ser combatida por meio de campanhas psicoeducativas, que permitem o ajuste destas impressões. As mulheres devem lembrar sempre que “quem procura, acha: a CURA!”. 

* Psicóloga, CEO da Bee Touch, startup de saúde mental. Realizou mestrado, doutorado e pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento. Foi professora do Instituto de Psicologia da UFRGS. Realizou pós-doutorado no Grupo de Estudos Avançados em Psicologia da Saúde (Unisinos). Atuou como pesquisadora e professora do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da UFRGS e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Integra a Comissão de Avaliação Psicológica do Conselho de Psicologia do RS. Membro do grupo de trabalho de enfrentamento à covid-19 da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP).

 Meu nome é Sandra e descobri um câncer de mama aos 44 anos, hoje tenho 57. Foi um choque, é claro, mas procurei me preparar para o tratamento e, antes mesmo de passar pela mastectomia, cortei o cabelo! O médico me viu diferente na consulta e perguntou porque eu tinha cortado o cabelo que era meio longo. Eu disse: pra não estranhar muito na quimioterapia! E foi quando soube que não faria quimioterapia e nem Radioterapia. A cirurgia foi mastectomia subcutânea e tomei por 5 anos o Tamoxifeno.

Na consulta descobri que não poderia antecipar nada, teria que viver um dia de cada vez!
Assim passei o tratamento e não senti nada de ruim com remédio algum. Tive alta após 5 anos.
Em dezembro de 2019 troquei a prótese e me permiti colocar na outra mama para igualar. Não queria passar por outra cirurgia, mas já que foi necessário fiz as duas. Nunca me afastei mais que 15 ou 30 dias do trabalho e estou ótima, graças a Deus e aos excelentes médicos anjos que tenho!
Também sou psicóloga e por tudo o que vivi estou motivada a criar grupos psicoterapêuticos para acolher e ver crescer muitas guerreiras e guerreiros com casos de câncer! Precisamos passar essas vitórias para todos!
Câncer tem cura sim!

SANDRA REGINA CAMARGO DO CANTO